O PAPA CONTRA AS INJUSTIÇAS
Dinheiro é "esterco do diabo", alerta Papa a empresários.
O Pontífice falou de três
desafios da atividade empresarial: dinheiro,
honestidade e fraternidade.
Da Redação, com
Rádio Vaticano
A última audiência concedida
pelo Papa Francisco a cerca de 500 participantes da Conferência Internacional
das Associações de Empresários Católicos (UNIAPAC).
Os empresários estão
debatendo, no Vaticano, o seu papel como agentes de inclusão econômica e
social, que para Francisco, pode constituir um
“exercício da misericórdia”.
Em seu discurso, o Pontífice
falou de três desafios da atividade empresarial: o
dinheiro, a honestidade e a fraternidade.
Dinheiro:
esterco do diabo
Falar de dinheiro é falar de
um dos temas mais difíceis da percepção moral. Trata-se do “esterco do diabo”, disse Francisco, recordando que o dinheiro existe para servir, não
para governar. Ele explicou que é um instrumento técnico de
intermediação, de comparação de valores, de cumprimento das obrigações. E que
assim como o dinheiro, as empresas devem existir para servir e não somente para
produzir lucro.
“Por isso é urgente recuperar o sentido social
da atividade financeira e bancária”, exortou o Pontífice, afirmando que
isso supõe assumir o risco de “complicar a vida”,
renunciando a ganâncias econômicas. Francisco pediu crédito acessível aos
pequenos produtores e empresários e denunciou, em nível internacional, a
agiotagem praticada contra os países mais pobres no momento de financiá-los.
Corrupção
O segundo desafio apontado
por Francisco é a honestidade, definindo a corrupção a pior chaga da sociedade.
“É a
lei da selva disfarçada de aparente racionalidade social”, “é a fraude da democracia”. A corrupção, prosseguiu
contundente o Papa, não é um vício exclusivo da política, mas está presente nas
empresas, nos meios de comunicação, nas Igrejas e nos movimentos populares. “Uma das condições necessárias para o progresso social é a
ausência de corrupção.”
Migrações
O terceiro desafio é a
fraternidade, a atividade empresarial tem sempre que envolver o elemento da
gratuidade, afirmou Francisco.
Sobre este ponto, o
Pontífice incluiu o tema das migrações e dos refugiados. Ele explicou que a Santa Sé e as Igrejas estão
fazendo esforços extraordinários para enfrentar de maneira eficaz as causas
desta situação, buscando a pacificação das regiões em guerra e promovendo o
espírito de acolhida.
“Porém,
não se consegue tudo o que se deseja”, constatou o Papa, pedindo que os
empresários façam a sua parte, recordando que muitos deles pertencem a famílias
de migrantes.
O Pontífice concluiu seu discurso propondo o trecho evangélico de Zaqueu, chefe dos cobradores de impostos: “Faço votos de que esta Conferência seja como a figueira de Jericó, uma árvore em que todos podem subir para encontrar o olhar de Jesus”.
Papa Francisco
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Pensamento: Vivemos na religião mais desigual do mundo.
Papa Francisco