Amazônia tem a
maior taxa de desmatamento em dez anos para o mês de março, diz Imazon.
O levantamento
do Instituto Imazon mostra que a Amazônia perdeu 810 quilômetros quadrados de
floresta em março. O desmatamento aumentou 216% em relação a março de 2020.
19/04/2021
21h17 Atualizado há 8 meses
O desmatamento
recorde surpreendeu os próprios pesquisadores da ONG Imazon. O ritmo das
derrubadas costuma diminuir nos meses de março, porque é mais difícil desmatar
durante o período mais chuvoso na Amazônia. Mas, dessa vez, não impediu o
avanço da destruição.
A Amazônia
perdeu 810 quilômetros quadrados de floresta em março. Para se ter uma dimensão
do estrago, o tamanho da área devastada é um pouco maior que a cidade de
Goiânia. O desmatamento aumentou 216% em relação a março de 2020.
A devastação
atingiu principalmente os estados do Pará (35%), Mato Grosso (25%) e Amazonas
(12%). A maior parte da floresta que veio abaixo estava em propriedades
privadas ou em estágio de posse (66%). Assentamentos
(22%) e unidades de conservação (11%) também perderam mata nativa.
Uma das regiões
mais desmatadas em 2021 chamou a atenção do Imazon. Ela fica no assentamento
Nelson de Oliveira, em Novo Progresso, Sudoeste do Pará.
Em janeiro, a
floresta estava intacta. Dois meses depois, surge a marca da devastação, que
tem o tamanho de quase 2 mil campos de futebol.
A destruição
foi tão acelerada que já comprometeu 40% da área total do assentamento, e se
aproxima da região vizinha, a Floresta Nacional do Jamanxim. Essa área,
protegida por lei por causa de sua enorme biodiversidade, também vem sendo alvo
das derrubadas em 2021.
O Imazon afirma
que os grandes desmatamentos avançam principalmente em áreas de florestas
públicas onde ainda não há regularização fundiária. E, como derrubar a mata
exige maquinário pesado e custa caro, o objetivo dos invasores seria lotear os
terremos para faturar alto com a especulação imobiliária na Amazônia.
“Nós temos, primeiramente, um processo de apropriação de terra
pública em curso, que é a famosa grilagem. Então, áreas que são públicas não
destinadas, são alvos, primeiro de expansão de estradas clandestinas, retirada
de madeira e subsequente ocupação dessas áreas para loteamento. Pode ter ali um
corredor de expansão da agricultura, mas principalmente naquele território a
gente tem visto uma conversão para a pecuária”, afirmou o pesquisador do
Imazon Carlos Souza Junior.
O Imazon também
constatou uma tendência de aumento do desmatamento considerando as taxas
acumuladas dos últimos oito meses. Entre agosto de 2020 e março de 2021, a
destruição da Floresta Amazônica foi 59% maior que no período anterior.
“Nós já
conversamos com autoridades que têm interesse, tanto estadual como municipal,
para identificar as áreas críticas e entrar com políticas preventivas. É
possível ainda reduzir a taxa de desmatamento nesse calendário. A gente não
pode deixar chegar o período de seca sem as operações de prevenção ocorrendo
efetivamente no chão”, alertou o pesquisador.
A Secretaria de
Meio Ambiente do Pará afirmou que faz ações de fiscalização e regularização
fundiária, que apoia a produção sustentável e que reduziu em 90% o desmatamento
nas áreas estaduais em fevereiro.
A Secretaria de
Meio Ambiente do Amazonas declarou que, em março, o estado reduziu o número
emitido de alertas de desmatamento. E que, no começo de abril, enviou equipes
para combater o crime ambiental no sul do estado.
O governo de
Mato Grosso afirmou que, de agosto do ano passado a março deste ano, o estado
reduziu o desmatamento em 33% e que aplica multas pesadas.
O Ministério do
Meio Ambiente disse que cabe ao Conselho da Amazônia falar sobre o assunto.
Ernani Serra
Pensamento: Um
dia, ao olhar para trás o homem verá o rastro de destruição que ele deixou na
natureza. E nesse dia haverá apenas a dor da sua própria consciência...
Vera Lúcia
Domingos de Oliveira
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