CRISE ARGENTINA
Bancos argentinos já não
sabem onde colocar tantas cédulas
A decisão do Banco Central
de não aceitar dinheiro vivo das instituições leva o sistema financeiro ao
colapso.
Caminhões blindados
transportam dinheiro do Banco Província, em La Plata.
Inflação na Argentina não para e o preço do
pão sobe 83% em um ano.
Os cofres dos principais
bancos na Argentina estão transbordando cédulas. A quantidade de pesos em
circulação é tão imensa que as instituições financeiras tiveram que pagar
empresas de transporte de valores para guardá-los, e estas também ficaram sem
espaço para armazenar as notas. Na Argentina, com uma economia paralela que
responde por 35% do total, grande parte das atividades cotidianas é movida por
dinheiro vivo. E, com cédulas de baixo valor, as notas ocupam um espaço que é
um enorme problema para bancos e empresas de segurança que as transportam. Além
disso, o dinheiro acumulado perde valor quase a cada minuto em um país que
encerrou 2016 com uma inflação de 40%.
O excesso de cédulas na Argentina
nem sequer soaria irresistível aos ouvidos de um ladrão de bancos. Se
conseguisse burlar todas as medidas de segurança, descobriria que a maior parte
da riqueza protegida são cédulas de 100 pesos (cerca de 19,5 reais). O
kirchnerismo manteve essa nota como a de maior valor nominal durante seus quase
13 anos de gestão, apesar do rápido aumento do custo de vida. No final de 2015,
as notas de 100 pesos representavam cerca de 90% dos mais de 6 bilhões de
cédulas em circulação na Argentina, e os caixas automáticos se esvaziavam
rapidamente. O Governo de Mauricio Macri colocou notas de 200 e 500 pesos em
circulação, mas ainda há muito poucas: as cédulas de 100 representam 70% do
total em um país que se tornou o mais caro da América Latina. Cem pesos é o preço de dois cafés com leite
em um bar no centro de Buenos Aires. De acordo com a média histórica, a nota de
maior valor nominal da Argentina deveria ser agora de 1.000 pesos.
“É um grave problema. Surgiu
durante o último Governo, quando a Argentina tinha uma inflação elevada, acima
de 20%, e a denominação das notas não acompanhou o ritmo da inflação e o
excesso de emissão monetária. A grande quantidade de cédulas físicas criou uma
enorme bola de neve para o sistema financeiro”, disseram fontes do setor bancário.
A saturação de pesos
emitidos na reta final da presidência de Cristina Kirchner foi agravada nos
últimos meses pelos milhões de dólares trazidos pela anistia fiscal do Governo
Macri. Mas tudo explodiu de vez no início de 2017, semanas depois que o Banco
Central da República Argentina (BCRA) decidiu parar de aceitar dinheiro dos
bancos, como forma de pressão de sua campanha para promover meios eletrônicos
de pagamento. Até então, se os bancos tivessem excesso de notas, as enviavam
para o BCRA e este as convertia em um depósito eletrônico em sua conta
bancária, sem nenhum custo adicional além do transporte.
Um membro da Câmara de
Transportadores de Valores, que prefere não se identificar, resume o problema:
“Quando o Banco Central deixou de guardar as notas dos bancos complicou tudo.
Tivemos que multiplicar as viagens dos caminhões de valores e aumentar a mão de
obra para a contagem de notas em nossos cofres. É uma loucura. Todas as
instalações, as dos bancos e as nossas, estão transbordando. Nossa caixa-forte
central em Buenos Aires está completamente cheia, quase não era possível fechar
a porta. Tivemos de depositar parte das notas em uma zona de segurança fora da
caixa-forte. Trabalho 40 anos nisso e nunca havia visto nada parecido. Também
tivemos que aumentar o seguro. Pouco a pouco, estamos reorganizando, mas foi
muito complicado.”
O BCRA afirma que o objetivo
é tornar todo o sistema mais eficiente. Em vez de aceitar pesos, lançaram uma
plataforma para que os bancos com notas excedentes as enviem diretamente para
aqueles que têm uma grande demanda por dinheiro vivo, como os bancos públicos
que pagam os salários dos servidores. Por outro lado, estão sendo impressas
mais notas de 500 e, antes do final do ano, também estarão circulando cédulas
de 1.000 pesos. Paralelamente, foi acelerada a destruição de notas danificadas
com a aquisição de uma máquina alemã que tritura cinco milhões de cédulas por
dia, e a previsão é chegar a 10 milhões quando funcione com capacidade total.
“A decisão do Governo
anterior de não emitir uma nota de maior denominação fazia com que as cédulas
de 100 fossem usadas por um tempo superior à sua vida útil, que é de 18 a 24
meses, devido à inflação e à falta de uma cédula de maior valor”, informou o
Banco Central, presidido por Federico Sturzenegger. O ápice do problema já
passou, mas, mesmo com o ritmo de destruição de notas danificadas e até mesmo
com as cédulas de 1.000 pesos em circulação, serão necessários muitos meses
para normalizar a situação. EL PAÍS.
Comentário:
A Argentina foi envolvida
por situações de corrupções políticas e por má gestão dos governos que foram
envolvidos e coniventes com os banqueiros internacionais que querem destruir os
países do Terceiro Mundo para usufruir de juros e das riquezas das commodities
da Argentina que importam a preços de banana podre. O papel moeda da Argentina
está valendo menos do que papel higiênico. Enquanto o povo empobrece e morre de
fome o governo continua pagando em dólares os juros compostos ao FMI e ao Banco
Mundial e todos os políticos argentinos não sabem o que é inflação nem crise
monetária vivem como marajás.
Para sair dessa situação o governo argentino tem que emitir uma nova
moeda nacional com o valor equivalente a um dólar e começar tudo de novo sem os
erros do passado. Construir um cofre forte para depositar ouro formando um
lastro ouro para valorizar a nova moeda. Dá um calote financeiro nos bancos
internacionais (FMI e Banco Mundial) e os juros (dólares)
que iam para esses bancos deveriam ser aplicados no desenvolvimento argentino. Dar
salários dignos aos funcionários e civis para movimentar a economia e congelar
os preços para impedir uma nova inflação.
Isso se na Argentina tivessem
políticos nacionalistas que governassem pelo país e pelo povo. Infelizmente, o
mundo está cheio de políticos corruptos e entreguistas.
Enquanto não aparecem essas
fórmulas econômicas e financeiras para salvar a Argentina o povo está a cada
dia se ferrando mais.
Ernani Serra
https://wise.com/br/blog/moeda-da-argentina
https://conversordolar.com/ARS/BRL/1000
https://veja.abril.com.br/mundo/por-inflacao-argentina-importa-cedulas-do-brasil/
Pensamento: Não é a moeda forte que faz o país. O país é que faz a
moeda forte.
Fernando Henrique Cardoso
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